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Foto do escritorAdriana Ferreira

Resenha do Conto: O Epitáfio de Bartolomeu, de Djeison Hoerlle.

Atualizado: 5 de jan.

Um passeio pela sua vida, depois de morto, faz Bartolomeu enxergar o óbvio. Ele já não pode mudar nada, nós podemos.

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Todos sabemos da nossa finitude inevitável.


Contudo, muitos preferem nem pensar. Assunto mórbido.


Outros, de uma forma até estranha, preferem se preparar, a ponto de decidir sobre questões mais práticas como ser enterrado ou cremado, deixar tudo pago e escolhido.


Pensar a finitude é difícil — e eu não sei se pela dificuldade de aceitar a minha ou a das pessoas que amo.


Nesse conto, entretanto, Bartolomeu escolhe a morte por achar que sua vida não tem mais sentido.


A questão do suicídio


Problemas de saúde mental sempre existiram, suicídios também. Uma questão complexa e bastante séria que vem se agravando nos últimos anos e vale trazer alguns dados aqui.


“Os casos de suicídio aumentaram 43% no Brasil em uma década, passando de 9.454, em 2010, para 13.523, em 2019. Entre os adolescentes, o aumento foi de 81%, indo de 3,5 suicídios por 100 mil adolescentes para 6,4. Nos casos em menores de 14 anos, houve um aumento de, 113% na taxa de mortalidade por suicídios de 2010 a 2013, fazendo do suicídio a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos”. | Dados de 2022, do Conselho Federal de Medicina.


“No Brasil, acontece uma morte por suicídio a cada 45 minutos, mas para cada morte temos outras 20 tentativas. Os números são altos e preocupantes”, explica o psiquiatra Humberto Müller. | Dados de 2021, da Agência Câmara de Notícias.


Contexto que torna a escolha de Bartolomeu — protagonista do conto — verossímil e preocupantemente comum.


Historicamente, falar de sentimentos, admitir medos e vulnerabilidade estão cercados de preconceito — principalmente no universo masculino. A influência da internet e tecnologia na vida da maioria das pessoas, também mudou completamente como nos vemos e nos colocamos no mundo.


Comparações, uma vida constantemente registrada e divulgada, na intenção de criar uma imagem idealizada de si — muitas vezes sem um propósito a não ser atender a necessidade de pertencimento. Uma realidade um tanto vazia e superficial que causa mais ansiedade, frustração, afeta autoestima, segurança e autonomia.


Conjunturas, que tornam cada vez mais relevantes cuidados com a saúde mental e desenvolvimento de habilidades socioemocionais e de gestão das emoções.


A descoberta da própria morte


Quando Bartolomeu chega no além, descobre sua nova condição e com a ajuda do seu Guia passeia pelos marcos da sua vida.


Acompanhamos então desde sua rotina nada saudável — num misto de preguiça existencial e falta de objetivos — até o entendimento da sua forma de ver o mundo e o que levou à exaustão.


E aí, num momento em que nada mais poderia ser feito, o que foi ignorado em vida é finalmente visto.



Lições após a morte


Ele compreende — e finalmente aceita — como não conhecia tudo sobre seus amigos, amores e familiares. Sempre houve uma parte da história que ele não alcançou e o impediu de compreender as motivações e comportamentos de pessoas que ele gostava.


Uma verdade que esquecemos diariamente: nós não sabemos de tudo, não vemos o outro lado, não sentimos o que a outra pessoa sente.


E muitas vezes nem procuramos saber. Ignoramos a complexidade da vida e as dificuldades de existir — principalmente na vida adulta — para nos prendermos em ofensas e ressentimentos, como se tudo fosse para nos atingir. Ou como se a realidade do outro fosse só aquela camada que vemos.


Questões que poderiam ser ajustadas com uma conversa honesta, são facilmente jogadas para debaixo do tapete, e por vezes, nunca resolvidas.


Cada vez mais tem se falado de saúde mental e a importância de conversar sobre sentimentos e emoções. Mas, a popularização de temas como habilidades socioemocionais, inteligência emocional, terapia, autoconhecimento, entre outros é muito recente.


Muitos não receberam esse tipo de instrução na infância ou mesmo na fase adulta. Preconceitos e estereótipos ainda impedem muitas pessoas de olhar para dentro dessa forma.


Todos sentimos e vivenciamos muitas dificuldades, mas, poucos sabem como pô-las em palavras, pedir ajuda e principalmente, buscar ferramentas para enfrentá-las e superá-las. Acabando presos a crenças negativas sobre si e o valor da sua existência.


Observar toda vida de Bartolomeu — como um filme — e compreender com clareza como teria bastado uma conversa, um pedido de ajuda, um desabafo sincero para mudar o rumo de tudo, assusta.


E é por isso que textos como esse soam como um alerta: estamos vivos, temos tempo e a chance de fazer diferente.


Equilíbrio entre profundidade e leveza


O assunto é sério, rende reflexões profundas e ativam o alerta. Mas, mesmo assim, a narrativa é leve e envolvente, com pegadas de humor e sarcasmo, que nos tiram algumas risadas.


Revivemos também bons momentos do personagem, afinal nem tudo são trevas. Havia amigos, família, amores, fases boas e ruins, como a vida de qualquer um.


Uma história curta, mas bem impactante que nos faz pensar sobre a vida, nossas escolhas e relações. Recomendo a leitura!



 

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Obrigada por ler! 🤓

Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.

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