Neste livro Brené nos apresenta a vulnerabilidade como a principal aliada para nos entregarmos à vida em sua plenitude. Mas, não sem antes driblarmos a vergonha, o medo e outros fantasmas que nos impedem de vivermos com ousadia.
Confira a resenha do livro? A Coragem de ser Imperfeito, de Brené Brown, com tradução de Joel Macedo e publicado pela editora Sextante em 2016.
Este foi o segundo livro da assistente social que decidiu seguir carreira acadêmica, como "... pesquisadora de dados qualitativos, ou seja: uma contadora de histórias". Brené Brown escreveu "Daring Greatly" (A coragem de ser imperfeito, na tradução para o português) em 2012, chegando no Brasil em 2013 já pela editora Sextante. Com um tema sempre relevante e atual: as relações humanas.
Com a tecnologia e a internet cada vez mais presente em nosso dia a dia, intermediando relações, pautando discussões e definindo status, certo e errado, o que mais vemos acontecer são as pessoas buscando se proteger. Seja criando outra realidade nos meios digitais, buscando aceitação e fugindo de qualquer crítica; ou então, evitando exposição e enfrentamentos a fim de se manter seguro e distante de qualquer frustração.
Mas, o fato é: quem não corre riscos têm menos chances de se machucar; mas também têm menos chances de viver e experimentar coisas novas. E Brené nos apresenta nesse livro, resultado de anos de pesquisa sobre vulnerabilidade e vergonha, como chegamos nesse ponto em que não nos entregar para a vida é a alternativa mais viável, do que vivê-la de verdade.
"Vulnerabilidade não é conhecer a vitória ou a derrota; é compreender a necessidade de ambas, é se envolver, se entregar por inteiro".
Primeiro, vivemos a era da escassez. Nos falta tempo para fazer tudo que queremos, produzir tudo que nos exigem e ainda ser feliz, estar em boa forma e com a saúde mental em dia. O resultado é termos a constante sensação de nunca sermos bons o bastante.
Segundo, vivemos em uma sociedade com tendência à vergonha e humilhação. Apontar o erro do outro, punir por mau comportamento, cancelar, lacrar, condenar…. Assim, vivemos constantemente com medo da vergonha da humilhação. Logo, errar não é permitido.
Brené então propõe que estar vulnerável, ou seja, estar aberto para a vida e para as relações sem medo de errar, é um ato de coragem. Mas extremamente necessário e compensador, para se viver uma vida com relações mais honestas, sólidas e capazes de transformar.
"Precisamos ser capazes de falar sobre como nos sentimos, sobre o que necessitamos e desejamos, e precisamos ouvir com o coração e a mente aberta. Não há relacionamento íntimo sem vulnerabilidade".
Saber pedir ajuda, não ter o controle de tudo, poder demonstrar medo, dúvidas, cansaço e inseguranças são alguns passos do processo corajoso de nos mostrarmos mais vulneráveis, proposto pela escritora. Para isso é fundamental derrubar os mitos existentes sobre a vulnerabilidade e acabar com preconceitos sobre o tema.
Vulnerabilidade não é fraqueza, pelo contrário é necessária muita coragem para expor seus mais profundos sentimentos e intenções; vulnerabilidade não é se expor o tempo todo para qualquer pessoa, mas sim entender que há incertezas e riscos na exposição emocional e por isso é fundamental a construção de um ambiente seguro e confiável; vulnerabilidade não é algo individual, todos somos vulneráveis, estar vivo é estar vulnerável, não tem como fugir; e principalmente a vulnerabilidade não é dar conta de tudo o tempo todo, precisamos aprender a pedir e oferecer ajuda, assim como impor limites em alguns casos.
"A vulnerabilidade se baseia na reciprocidade e requer confiança e limites. Não é superexposição, não é catarse, não é se desnudar indiscriminadamente. Vulnerabilidade tem a ver com compartilhar nossos sentimentos e nossas experiências com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los"
Para atravessar esse caminho, alguns obstáculos aparecem, como a crença de que não somos dignos de uma vida plena e a vergonha. Segundo Brené, só conseguimos encontrar a força para nos mostrarmos vulneráveis quando acreditamos merecer ser amados, respeitados, num ambiente seguro e empático. Da mesma forma, só conseguimos nos livrar da vergonha que nos assombra com julgamentos, fracassos e destrói a autoestima, se a encararmos de frente. Quanto mais falamos sobre nossas vergonhas, menor ela vai ficando e aos poucos podemos combatê-la.
Ao longo do texto, a autora nos mostra quais são as principais máscaras que utilizamos para esconder nossa vulnerabilidade e como suprimi-las. Quem nunca se manteve ocupado ao máximo para não encarar questões pessoais? Ou achou que momentos alegres eram, na verdade, maus presságios? Ou então foi perfeccionista, demonstrando dar conta e aguentando tudo só para não se expor.
As máscaras, ou tentativas de fuga da vulnerabilidade, são diversas, mas para cada uma delas, Brené traz um novo significado a partir de uma nova perspectiva. E apresenta caminhos bem simples e práticos de como superá-los. Entrando numa parte mais aplicável do livro, com relatos muito honestos sobre a vida cotidiana comum a todos nós. Impossível não se identificar e se reconhecer usando algumas dessas máscaras ao longo da vida.
"A resiliência tem a ver com sair do sentimento de vergonha para esse afeto que chamamos de empatia - o verdadeiro antídoto da vergonha".
Por fim, Brené dedica os últimos capítulos do livro para tratar especificamente sobre vulnerabilidade no trabalho, na educação e na criação dos filhos. Por entender que esses são os principais pilares da vida, a escritora aprofunda em cada um deles abordando a importância da entrega, sem medo e vergonha, nesses contextos que podem ser os mais transformadores na vida de qualquer pessoa.
Esse foi o primeiro livro que li da Brené Brown, antes disso só havia visto sua palestra na Netflix, a qual recomendo muito. Ela tem um texto leve, bem-humorado, realista e próximo. Apresenta os dados e resultados de sua pesquisa de forma simples, clara e interessante, incluindo ao longo do conteúdo relatos reais que ouviu durante sua pesquisa, deixando o texto ainda mais humanizado e envolvente.
Vale demais a reflexão que ela propõe sobre nos entregarmos mais para a vida, sem tanto medo ou vergonha. Para de fato experienciarmos tudo que ela pode nos proporcionar.
"O que nós sabemos tem importância, mas quem nós somos importa muito mais".
Se você gostou da resenha do livro, confira abaixo o link para adquirir a obra e outros conteúdos que vão enriquecer ainda mais a sua experiência de leitura:
Link para o livro: A Coragem de ser Imperfeito, de Brené Brown
A autora tem outras obras publicadas, abordando sob diferentes aspectos o tema da vulnerabilidade, com base em sua pesquisa. Segue a lista para quem quiser conhecer:
Link para o livro: A coragem para liderar: Trabalho duro, conversas difíceis, corações plenos
Link para o livro: Mais forte do que nunca.
Link para o livro: A arte da imperfeição.
Link para o livro: A coragem de ser você mesmo.
Link para o livro: A coragem de ser você mesmo.
Link para o livro: Eu achava que isso só acontecia comigo: como combater a cultura da vergonha e recuperar o poder e a coragem.
Brené Brown ficou muito conhecida a partir das suas palestras para o TED Talks, compartilho aqui os links para você assistir:
TED Talks - O poder da vulnerabilidade.
TED Talks - O poder da vulnerabilidade - Ouvindo a vergonha.
Além das palestras no TED Talks, recomendo muito essa aqui: Brené Brown: The Call to Courage, disponível na Netflix.
E ainda: "Brené Brown: Atlas of the Heart" (ainda não traduzido para o português) é o mais recente livro da escritora, que também virou série da HBO Max. Em cinco episódios, ela investigará 30 das emoções e experiências que todo ser humano é capaz de sentir.
Aqui o trailer da série e aqui uma entrevista de Brené Brown, para o programa CBS Mornings, falando sobre o livro e a série.
Obrigada por ler! 🤓
Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.
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Nos vemos no próximo texto 🥰