O livro ficou famoso por revelar que as árvores podem se comunicar uma com as outras, mas, na verdade, ele vai muito além disso.
Confira a resenha do livro: A Vida Secreta das Árvores, de Peter Wohlleben, traduzido por Petê Rissati e publicado pela Editora Sextante em 2017.
Plantas não são inanimadas.
Elas são vivas, há sistemas incríveis acontecendo dentro delas o tempo todo e os benefícios de sua existência são muito maiores do que os estéticos. Aprender sobre elas, além de muito interessante, é também uma forma de aproximação e, quem sabe, a conquista de aliados para a sua preservação.
“… não devemos nos preocupar apenas com a utilidade material das árvores, mas cuidar delas também por seus pequenos mistérios e encantos.”
Escrito por Peter Wohlleben, um engenheiro florestal alemão, o livro A Vida Secreta das Árvores relata descobertas feitas através das observações do autor em seu convívio diário nas florestas naturais de Hümmel, na Alemanha. Relacionando descobertas científicas com suas experiências, ele descreve o comportamento das árvores e florestas de uma maneira acessível e encantadora.
O desenvolvimento de uma árvore, em uma floresta natural, permite que espécies vivam muitos séculos. E ao longo desse tempo aprendam como sobreviver convivendo com muita ou pouca chuva, vento, pragas, muito sol ou pouco sol, como e quando se reproduzir e perpetuar a espécie.
Não fosse a interferência humana, a permanência e evolução de muitas espécies de árvores e, consequentemente, das florestas, estariam garantidas.
“Assim, podemos concluir que é necessário deixar a vida selvagem seguir seu caminho”
Sim, evolução. Segundo o autor e outros cientistas citados no livro, as árvores — assim como outras plantas — possuem a capacidade de armazenar memória e com isso conseguem estar mais preparadas para enfrentar a mesma dificuldade no futuro. Esses conhecimentos, inclusive, podem ser transmitidos para as próximas gerações através de suas sementes.
Além disso, elas possuem um inteligente sistema de defesa diante de ameaças. Seja liberando toxinas que deixam suas folhas não muito agradáveis aos predadores ou emitindo odores que podem atrair predadores da praga que a aflige. Saber o momento certo de florescer e dispersar suas sementes para a germinação ter sucesso, parece demonstrar uma capacidade de contagem do tempo.
Mas o ponto alto das descobertas acontecem embaixo da terra, com a parceria das raízes com fungos, em florestas naturais, é formada uma extensa rede de comunicação muito eficiente. Essa rede, também chamada “internet da floresta”, permite que mensagens e recursos, como água e nutrientes, sejam enviadas a quilômetros de distância para outras árvores poderem sobreviver em tempos difíceis.
Isso é possível devido ao micélio, um filamento microscópico dos fungos, que formam essas redes subterrâneas também chamadas micorrizas. Parece complexo, mas não é! Ao final do texto deixei o link para um vídeo que explica esse processo de forma bem simples e visual. :)
“Por que é tão mais difícil entender as árvores do que os animais? Isso acontece por causa da história da evolução, que desde muito cedo nos separou dos vegetais.”
Em contraste às árvores de florestas naturais, Peter Wohlleben, revela o que acontece e como se desenvolvem árvores plantadas para a arborização urbana ou em quintais de casas. As 'Árvores de Rua', como ele chama, crescem solitárias e não conseguem desenvolver esses recursos de sobrevivência e nem contam com uma rede de apoio em momentos de dificuldade. O mesmo acontece com árvores plantadas em florestas cultivadas para produção de madeira ou outros recursos naturais.
Isso porque essas árvores não vivem tempo suficiente para que suas raízes possam crescer e se conectar com as de suas vizinhas. Elas também não recebem informações prévias de suas mães, uma vez que não são germinadas naturalmente, mas sim plantadas por mudas.
Seus recursos de defesa e proteção acabam não se desenvolvendo e a forte interferência humana nesses locais, seja realizando podas, construindo ruas e calçadas, acaba piorando ainda mais a situação. Impactando diretamente não só na sobrevivência, mas na perpetuação natural de algumas espécies.
“O resultado é que qualquer criança sabe que as árvores são seres vivos, no entanto, as tratam como coisas”.
Em sua linguagem o autor relaciona o comportamento das árvores com o do ser humano, utilizando termos como: falar, alimentar, amizade, família, inimigos, vida, morte, etc., nos para nos aproximar e facilitar nossa compreensão sobre seu funcionamento.
Afinal, plantas são seres vivos como nós e compreender que elas possuem - a sua maneira - inteligência, memória, capacidade estratégica, senso de equipe e preocupação com suas próximas gerações, pode despertar o tão necessário senso de preservação.
O livro mostra como a natureza é sábia e consegue conviver de forma colaborativa e organizada, para sobreviver e evoluir. Sem dúvidas, pode ser um exemplo para nós seres humanos, que apesar de sermos comprovadamente mais inteligentes e racionais, ainda não aprendemos muito bem nada disso.
Recomendo a leitura e o movimento de aproximação com a natureza.
Deixo aqui o link para adquirir o livro e ainda ajudar o Raízes: A vida secreta das árvores, na Amazon.
E aqui conteúdos complementares para quem se interessar pelo tema e quiser saber mais:
Documentário: Árvores Inteligentes, disponível no Youtube com legenda em Português. O autor A Vida Secreta das Árvores, de Peter Wohlleben e a professora Dr. Suzanne Simard, descrevem como acontece a comunicação entre as árvores.
Texto do blog da Escola de Botânica que explica um pouco mais sobre micorrizas. Esse fenômeno também é citado pelo autor Stefano Mancuso em a Revolução das Plantas.
Obrigada por ler! 🤓
Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.
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Nos vemos no próximo texto 🥰
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