Primeiro livro de Lorena Portela, lançado de forma independente, conquista pela profundidade e sensibilidade da história.
Confira a resenha do livro Primeiro eu tive que morrer, de Lorena Portela e publicado pela Marisco Edições em 2021.
Será que a forma com que levamos a vida é de fato viver? O que precisa acontecer para termos coragem de reavaliar tudo e refazer a rota? A personagem de "Primeiro eu tive que morrer" precisou experienciar a morte — não a física como conhecemos, mas a da pessoa que ela havia sido até aquele momento.
Uma publicitária de sucesso, que aos 30 anos já está consumida pela rotina e ambiente de trabalho, em agências que vendem liberdade e ambiente "descolado", para mascarar viradas de noite muito mal remuneradas, disputas de ego e abusos variados.
"Ser boa numa coisa e passar a ganhar um salário decente com isso roubou a minha noção de felicidade. Eu passei a me acomodar com aquilo porque era o que eu sabia fazer".
O cansaço, físico e mental, estavam evidentes, a perda de peso e a ausência em todos os eventos com os amigos chamavam muito a atenção. Contexto ideal para o que estava por vir: um burnout! E assim, dias de descanso, que não foram planejados mas obrigatórios, aconteceriam em sessenta dias de férias em Jericoacoara.
Três décadas de vida e eu já tinha judiado de mim o bastante para ter que parar. Ou morrer."
Dias de folga que inicialmente eram estranhos, foram fazendo ela voltar a vida. Encontrou as amigas, despertou paixões, se divertiu achando conseguir finalmente relaxar. Conheceu as pessoas do vilarejo, suas histórias, como viviam ali e inevitavelmente foi comparando a sua realidade com a daquelas pessoas.
Pensava em como a vida pode nos colocar em lugares indesejados, como nosso destino é traçado pelas circunstâncias, sem considerar nossas vontades. Nessa jornada, tendo tempo para pensar e encarar seus sentimentos mais sombrios, ela começa a viver conflitos internos muito profundos.
"A felicidade me invadiu de um jeito tão bruto e selvagem que doía, e eu pensava que não merecia sentir aquilo.
Então, de repente, a vida tranquila se transforma em dias tão intensos de introspecção e questionamentos, que seu corpo físico adoece. E sob os cuidados e conselhos de uma nova-velha amiga, repleta de sabedoria e afeto, ela vai se permitindo sentir, se perdoar, se conhecer, se cuidar. Num processo lindo de renascimento e sororidade, um encontro de almas.
Durante esse período de autocura conhecemos a história de várias mulheres fortes e cada uma, à sua maneira, vai deixando uma lição e mostrando formas diferentes de viver a vida. A protagonista, também faz desabafos fortes, encara dores de feridas antigas e traz à tona seus maiores medos. São relatos sensíveis de acontecimentos dolorosos, comuns na vida de qualquer mulher.
"Eu queria que a minha coragem de confiar em mim mesma se tornasse constante".
A maneira como Lorena retrata cada uma dessas mulheres, como elas se encontram e se apoiam é muito bonita e inspiradora. E tudo acontece sob uma trilha sonora incrível, a partir de trechos de músicas que a autora incluiu durante toda a história, dando literalmente o tom para cada cena.
Recomendo demais esse livro, pela forma como ele impacta, incomoda e desperta muitos questionamentos. Sobre a situação da mulher, sobre a vida baseada em alto rendimento, sobre traumas, crenças, necessidades, amor-próprio e principalmente, sobre se permitir. Uma leitura que nos dá a oportunidade de promover mudanças, sem que tenhamos de enfrentar a morte.
Se você gostou da resenha do livro, confira abaixo o link para adquirir a obra e outros conteúdos que vão enriquecer ainda mais a sua experiência de leitura:
Link para compra do livro: Primeiro Eu Tive Que Morrer, de Lorena Portela.
Link para o episódio: primeiro eu tive que renascer, com Lorena Portela, do Podcast Bom dia, Obvious, que entrevistou a autora. Foi através desse papo maravilhoso que conheci o livro e a autora, vale muito ouvir!
Obrigada por ler! 🤓
Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.
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Nos vemos no próximo texto 🥰