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Foto do escritorAdriana Ferreira

Resenha do Livro: A metade Perdida, de Brit Bennett

Atualizado: 8 de jan.

Irmãs gêmeas decidem fugir para se encontrar, mas ao tomarem caminhos diferentes, descobrem que serão quem são para sempre, não adianta fugir.

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Confira a resenha do livro A metade Perdida, de Brit Bennett, traduzido por Thaís Britto e publicado pela Intrínseca em 2021.


Irmãs gêmeas que se afastam e seguem caminhos muito diferentes, deixando no ar a pergunta: como a sociedade em que vivemos consegue determinar o destino de algumas pessoas, a ponto de elas deixarem de ser quem são?


Uma história dramática que propõe reflexões importantes sobre colorismo, identidade, racismo e escolhas.


“Um corpo podia ser rotulado, mas uma pessoa não, e a diferença entre os dois estava naquele músculo dentro do peito. Aquele órgão tão querido que não é sensível, não tem consciência, não tem sentimentos, apenas bate continuamente, nos mantendo vivos”.

A escrita de Britt é muito agradável e prende a atenção, alternando críticas irônicas com relatos fortes e emocionantes. A construção entre fatos do passado e presente, do ponto de vista de cada uma das irmãs, dá dinamismo ao texto e cada revelação é uma nova peça no quebra-cabeça que é a vida das protagonistas.


Stella e Desiree, são irmãs gêmeas, que nasceram em uma cidade pequena do interior onde os moradores “… nunca seriam aceitos como brancos, mas que se recusavam a ser tratados como negros”. Perderam o pai quando crianças de forma trágica e viviam com a mãe, levando uma vida muito humilde, num tempo em que a segregação pela cor das pessoas era escancarada e socialmente aceita.


“Nós, negros, sempre adoramos a cidade onde nascemos — argumentou — Mesmo que sejam sempre os piores lugares. Só os brancos têm a liberdade de odiar o próprio lar”.

As jovens, não entendiam a forma de pensar e agir das pessoas da pequena cidade, que apesar de ser formada por negros, tinham preconceito com pessoas de cor escura e buscavam transparecer uma imagem que não condizia com a realidade. E quando, dificuldades financeiras da família as obrigaram a largar os estudos para trabalhar, elas sentem o pavor de terem de viver ali para sempre, tendo o mesmo destino mesquinho da vizinhança.


“Às vezes o que nos torna nós mesmos são as pequenas coisas”.

Então, na busca por um futuro diferente, resolvem fugir.


E é nessa fuga que entendemos quem elas realmente são e como o contexto de sua criação determinou como elas se enxergavam. Longe do local restrito em que cresceram, elas tiveram a liberdade de se conhecer e descobrir seu lugar no mundo. Ao mesmo tempo, sentiam na pele preconceitos, julgamentos e a constante necessidade de provar o seu valor.


Nesse processo, a história ganha uma reviravolta, as irmãs se separam e cada uma segue vidas bem diferentes: uma segue sua vida como mulher negra, com todas suas dificuldades, enquanto a outra decide viver como uma mulher branca.


“À medida que cresciam, não pareciam mais ser um corpo dividido em dois, mas dois corpos unidos em um, cada um puxando para o próprio lado”.

Ao passo que uma esconde seu passado e decide viver uma nova história, como uma nova pessoa. A outra, se vê obrigada a voltar para suas origens, na busca de segurança e reconciliação. É muito sensível à forma com que elas vão construindo sua nova vida, revelando os sonhos e experiências que as moldaram.


Mesmo sendo gêmeas, e na infância muitas vezes serem tratadas como uma só, vai ficando evidente a personalidade de cada uma. Ao mesmo tempo que revelam que alguns laços são eternos e fazem parte de quem somos, não importa onde ou com quem estamos.



“As pessoas achavam que ser diferente tornava você especial. Mas, não, só deixava você solitário. Especial era pertencer a algo maior, com outras pessoas.”

O mais impactante do livro é essa ideia de que qualquer um pode se passar por branco, basta agir como um. As passagens sobre esse tema expressam bem o estereótipo do branco, com dinheiro, privilégios e sustentando a ideia de que pertence a certos lugares. 


E como isso autoriza essas pessoas a serem o que quiserem e transformarem como as pessoas as veem e as tratam. Sejam motivadas pela ambição, pela busca por aceitação e respeito, não importa, se deturpam conceitos de identidade, origem, valores e dignidade.


Enquanto evidencia, como as pessoas negras se sentem e se portam em lugares que a sociedade entende não pertencer a eles. Pondo luz em como o preconceito e a segregação, impactou — e ainda impacta — na construção de identidade, pertencimento e autoestima de pessoas negras.


Uma história muito forte e emocionante, com um tema sempre necessário na sociedade estruturalmente racista em que vivemos. Entender o papel e a responsabilidade de pessoas brancas na sustentação desse contexto ao longo da história e o seu dever de contribuir para mudança desse cenário é mais do que urgente.


Uma leitura fundamental, que toca em temas muito sérios de forma profunda e realista, colocando o dedo na ferida e nos fazendo pensar. 


 

Deixo aqui o link para adquirir o livro e ainda ajudar o Raízes: A Metade Perdida, na Amazon.

 
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Obrigada por ler! 🤓

Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.

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Nos vemos no próximo texto 🥰



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