O que podemos aprender com as plantas? Stefano Mancuso apresenta, de maneira muito interessante, diversos ensinamentos que esses seres milenares podem nos presentear.
Confira a resenha do livro Revolução das Plantas, de Stefano Mancuso, traduzido por Regina Silva e publicado pela Ubu Editora em 2019.
As primeiras células vegetais surgiram na Terra muito antes dos seres humanos. Versões primitivas das plantas, como conhecemos hoje, surgiram na água e posteriormente migraram para o solo há milhões de anos.
Tantos anos de sobrevivência e evolução acumularam nas plantas sabedorias milenares, que, graças a cientistas e estudiosos botânicos, atualmente podemos ter acesso.
Escrito por Stefano Mancuso, cientista e fundador o LINV — International Laboratory of Plant Neurobiology, um laboratório destinado ao estudo da neurobiologia vegetal — a obra apresenta, com uma escrita didática e fluida, as mais recentes descobertas científicas sobre o mundo vegetal e como elas podem servir de modelo para a humanidade.
E mesmo se tratando da apresentação de dados científicos, a leitura não é maçante nem difícil, pelo contrário é interessante, leve e bem humorada.
“De fato, elas são um exemplo de modernidade; e o propósito desse livro é deixar isso claro”.
Segundo pesquisas, as plantas têm memória mesmo sem ter cérebro; elas também conseguem ver, mesmo sem ter olhos; utilizam a mimese (imitação) a seu favor, quando necessário, além de conseguirem se movimentar, mesmo estando enraizadas. É surpreendente os fenômenos que acontecem no interior das plantas e o quanto eles têm a nos ensinar.
Um exemplo é a maneira como elas coexistem na natureza, convivendo com as diferenças, se comunicando e colaborando umas com as outras em um processo de evolução e sobrevivência, chamado pelo autor de democracia verde. Um sistema em que as plantas vivem em comunidade, cooperando entre si, dividindo experiências e desenvolvendo uma espécie de inteligência coletiva.
“A ideia de que a democracia é uma instituição contrária à natureza, portanto, permanece apenas como uma das mais sedutoras mentiras inventadas pelo homem para justificar a sua, antinatural, sede de poder individual”.
Mas, os estudos mais surpreendentes ficam para os que envolvem a bioinspiração, também conhecido como biomimética. Através da observação de como as plantas agem e reagem a certos fenômenos são desenvolvidas soluções semelhantes para atender necessidades humanas. Alguns projetos muito interessantes nesse sentido são citados no livro, demonstrando quanta inovação, tecnologia e avanços a ciência já fez com a partir dos aprendizados e comportamentos das plantas.
“Acredito que há muitas boas razões para imitar o reino vegetal. As plantas consomem pouca energia, fazem movimentos passivos, são “construídas” em módulos, são robustas, tem uma inteligência distribuída (em oposição aos animais, a qual é centralizada), comportam-se como colônias”.
Ter conhecimento de todos os estudos e avanços científicos no universo vegetal, nos coloca de frente com um novo mundo. Que além de interessante e encantador, desperta mais empatia e respeito às plantas, que nos cercam e nos beneficiam tanto em diversos sentidos. É urgente a conscientização da importância da natureza, sua finitude e nossa obrigação de preservá-la.
É cada vez mais necessário nos aproximarmos da natureza e buscarmos fazer as pazes com ela.
Voltar ao natural e às nossas origens é um exercício importante para tentarmos curar a cegueira botânica a que todos somos induzidos desde muito cedo.
Afinal, elas estão presentes em tudo à nossa volta: nas roupas que vem do algodão, os móveis de madeira, no papel, na pigmentação de tintas e cosméticos, em insumos para remédios, no ar que respiramos… Tudo é planta! E mesmo assim conseguimos ignorar isso de alguma maneira, tratando esses seres como ornamentais em casa ou algo que valorizamos quando “estamos na natureza”.
“Em outras palavras, pelo menos 80% do peso de tudo que está vivo na Terra é composto de vegetais. Uma porcentagem que é a medida única e incontestável de sua extraordinária capacidade de afirmação”.
Recomendo muito essa leitura e a expansão do olhar para esse tema.
Deixo aqui o link para adquirir o livro e ainda ajudar o Raízes: Revolução das plantas: um novo modelo para o futuro, de Stefano Mancuso, na Amazon.
Aqui links para demais obras do autor publicadas no Brasil: A planta do mundo e A incrível viagem das plantas.
Para saber sobre o tema e sobre o autor:
A edição de 2021 da Flip teve como tema "Nhe’éry, plantas e literatura" e o autor Stefano Mancuso esteve presente, falando sobre Literatura e Plantas. Confira aqui nesse vídeo a conversa completa.
Se você ficou curioso sobre a biomimética, indico muito esses dois conteúdos para entender melhor sobre o tema que é muito interessante:
> Vídeo da Escola de Botânica, que explica o que é a biomimética e suas formas de aplicação;
Obrigada por ler! 🤓
Espero que tenha gostado e se inspirado a ler o livro.
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Nos vemos no próximo texto 🥰
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