Neste texto vamos aprender tudo sobre ISBN e Ficha Catalográfica, dois itens obrigatórios em livros e com grande relevância no mercado editorial.
Série de Conteúdo: Adorado, Objeto Livro - O que são ISBN e Ficha Catalográfica?
O objetivo aqui é apresentar o que são ISBN e Ficha Catalográfica, itens obrigatórios na publicação de um livro.
Conteúdo ideal para leitores mais curiosos e também, escritores e escritoras, que vão publicar seu primeiro livro. Confira os demais textos da Série de Conteúdo: Adorado Objeto Livro aqui.
Quer ajuda com sua primeira publicação, vamos conversar?
Quem ama ler, ama ter e conviver com livros, muitas vezes esquece que eles são produtos. Apesar de toda sua relevância para nós e muitas vezes, do valor sentimental que depositamos neles, os livros são as mercadorias do mercado editorial. E sua produção passa por diversas etapas e precisa seguir regras do setor, para que sua circulação e comercialização aconteçam da melhor forma.
Entre esses processos, o registro do ISBN e criação da Ficha Catalográfica de uma obra, são etapas obrigatórias na produção editorial.
O código ISBN, permite o controle de circulação e vendas de cada edição, servindo também como base para a criação das listas de mais vendidos.
Já a ficha catalográfica, serve para armazenar e localizar corretamente um livro em um acervo, seja ele uma biblioteca ou estabelecimento comercial, de forma correta conforme sua temática e formato.
Vamos conhecer melhor como esses itens são aplicados e como surgiram no mercado editorial.
Começaremos entendendo o que é o ISBN
ISBN é a sigla para International Standard Book Number (Padrão Internacional de Numeração de Livro) e nada mais é do que o número de registro de obras. Como se fosse o RG do livro, o ISBN é uma sequência numérica que identifica e individualiza cada publicação. Sendo, portanto, de uso único e intransferível.
Por ser reconhecido no mundo todo, seu uso facilita demais a catalogação e identificação de obras por varejistas, livreiros e bibliotecas.O código é composto por uma combinação de 13 dígitos que indicam o título, o autor, o país, a editora e a edição de uma obra.
Vamos conhecer a do código e o que cada parte significa:
Os três primeiros dígitos do código identificam o tipo de produto, também chamado GTIN. No caso, o 978 significa que é um livro;
Os dois dígitos seguintes representam o grupo registrante, isto é, o país da publicação. Até 2019 o Brasil utilizava o número 85, mas desde 2020, após um período de transição, o código foi alterado em definitivo para 65;
A próxima sequência de dígitos indicam o elemento registrante, ou seja, a editora ou pessoa física responsável pela publicação da obra. Essa sequência pode ter até 7 dígitos, dependendo da quantidade de publicações;
Os dois dígitos seguintes representam a edição da publicação;
E por fim, o último número é um dígito de controle que garante a exclusividade do código. Também chamado dígito verificador.
A aplicação do ISBN em livros impressos é feita, normalmente, na quarta capa, acompanhado da sua representação em código de barras. Mas também o encontramos na folha de rosto, páginas de direitos autorais ou em jackets e cintas.
E não são só livros que podem ter um registro de ISBN. Segundo a Agência Brasileira do ISBN, o registro vale para diversas publicações, como anais, artigos, capítulos individuais, mapas, entre outros; e nos mais variados formatos: impressos, ebooks, pdf, etc. Aqui uma lista completa dos tipos de obra que podem receber ISBN.
Como o ISBN representa uma edição exclusiva, em caso de novas edições da obra a editora ou produtor independente deve fazer o registro de um novo código ISBN. Portanto, se a edição teve alteração de conteúdo, ganhou uma nova capa ou teve algum acessório adicionado como cinta ou brinde, configura-se uma nova edição que necessita de um novo registro.
Uma curiosidade do mercado editorial sobre isso é o cuidado estratégico que existe ao ser produzida uma nova edição de um livro. Isso porque a lista de livros mais vendidos é criada com base nas vendas por ISBN. E, a partir do momento que o mesmo livro é reimpresso, mas com novo código ISBN devido ajustes na edição, suas vendas não são somadas ao volume de vendas do código anterior. Podendo assim retirar um item da lista de best sellers.
E como não é necessário a criação de um novo ISBN para o caso de reimpressões de edições inalteradas ou com alterações muito pequenas, muitas vezes esse é o caminho mais seguro pensando em estratégias comerciais.
Mas, como surgiu o ISBN? Segundo pesquisas, as conversas sobre a necessidade de uma padronização para identificação de livros aconteceu em Berlim, na Terceira Conferência Internacional de Pesquisa de Mercado de Livros e Racionalização no Comércio de Livros, de 1966. Profissionais do mercado editorial que participaram do evento levantaram a necessidade de uma maneira automatizada de controle de vendas e estoques de livros, que até o momento era feita de forma analógica.
A partir disso, em 1967 a editora familiar J. Whitaker & Sons, do Reino Unido, lidera o projeto de estudos para a criação do International Standard Book Number (ISBN). Na época, a empresa já organizava os códigos de todos os livros no país, por isso tinha conhecimentos para propor um sistema amplo. No ano seguinte, 1968, o Comitê de Documentação Técnica 46 da Organização Internacional de Normalização (ISO) começa estudos para avaliar a viabilidade de adaptar o sistema para uso internacional. Sendo aprovado em 1970 como norma ISO 2108.
Já em 1971 começam a surgir as agências internacionais do ISBN, que ficariam responsáveis por implementar o código nas obras publicadas em seus respectivos países. Em 2005 mais de 160 países já haviam adotado o código ISBN. Atualmente, mais de 200 países utilizam o registro que de fato transformou o mercado editorial. Com impacto positivo na produção, distribuição, análise de vendas e registro dos dados bibliográficos.
A Implementação do ISBN no Brasil aconteceu em 1978 com a criação da primeira Agência Brasileira do ISBN, que era gerida pela Fundação Biblioteca Nacional até 2019. Na época, a adoção do ISBN foi incentivada pelo Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc). Em 2020 a Agência Brasileira do ISBN passa a pertencer à Câmara Brasileira do Livro (CBL), que apresentou um novo sistema para a solicitação de registros.
Sobre a solicitação de ISBN: O código pode ser solicitado por pessoas jurídicas (mesmo não sendo editoras) ou pessoas físicas, que queiram divulgar qualquer material monográfico, como livros, apostilas, etc. O pedido do código pode ser feito pelo próprio site da ABL, sendo necessário fazer o registro do solicitante e da obra, para que o código seja gerado.
Atualmente, segundo informações no site da CBL, o prazo da solicitação até o recebimento do código pode levar mais ou menos, 5 dias úteis e custa R$ 22,00 por código gerado. E não é necessário ser sócio da CBL para fazer a solicitação.
E sobre a Ficha Catalográfica…
Presente obrigatoriamente em todos os livros publicados a Ficha catalográfica, nada mais é do que um documento que agrupa as principais informações sobre o livro, facilitando sua identificação e localização em diferentes acervos.
A ficha é criada por profissionais de Biblioteconomia, seguindo as regras do Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2). Nela deve constar o nome do autor, título, assunto, editora, local, ano de publicação, ISBN e assuntos. E também o nome do bibliotecário responsável com o número do CRB (Certificado Regional de Biblioteconomia) ativo conforme Resolução 184/2017 do Conselho Federal de Biblioteconomia. A disposição dessas informações na ficha também seguem um padrão e não podem ser alterados.
No Brasil, a ficha catalográfica pode ser solicitada para a CBL (Câmara Brasileira do Livro), para o SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), ou ainda para profissionais de biblioteconomia que prestam esse serviço pontualmente. E o recomendado é que ela seja aplicada ao livro exatamente como é entregue pelo profissional que a criou. Porém, o que se vê no mercado é a adequação da formatação dos dados da ficha (principalmente tipo e tamanho da fonte) para adequá-la ao layout do livro. O fundamental, porém, é não alterar a disposição das informações.
O surgimento da Ficha Catalográfica no Brasil, aconteceu após a publicação do livro: "Regras bibliográficas: ensaios de consolidação", em 1934, de Jorge Duarte Ribeiro. Que instigou os primeiros estudos e discussões sobre a necessidade de haver um código nacional de catalogação.
As décadas seguintes, de 40 até 60, são marcadas por debates sobre a regulamentação da profissão de Biblioteconomia no país e demais temas de interesse, como a implementação de um padrão para a catalogação de obras. Mas é somente em 1970 que a importância da CIP – Cataloging in Publication é destacada.
Foi Regina Carneiro, a primeira bibliotecária chefe no departamento de catalogação da Câmara Brasileira do Livro, que trabalhou com Editores e Livreiros pela adoção da “Catalogação na Fonte”. Em 1976 – A CIP - Cataloging in Publication - é estabelecida internacionalmente, mas chega ao Brasil apenas em 2003, 27 anos depois. Com a Lei do Livro, nº10.753, de 30 de outubro, a ficha catalográfica passa a ser obrigatória em todas as publicações.
Desde então, todas as obras publicadas contam com a ficha catalográfica, normalmente impressas no verso da folha de rosto. Com as principais informações da obra, ela orienta a localização da obra nos mais diversos acervos.
E aí, você já conhecia o que eram ISBN e Ficha catlográfica? Envie suas dúvidas ou comentários. E se precisar de ajuda com sua primeira publicação, entre em contato!
Obrigada por ler! 🤓
Espero que tenha gostado e se inspirado a continuar lendo a série.
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